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sexta-feira, 27 de julho de 2012

ENCONTRO ESTADUAL DE CEB's

Acontece em Santa Maria/RS, no Santuário de Nossa Senhora Medianeira, de 26 A 29 de julho, o Encontro Estadual das Comunidades Eclesiais de Base - CEB's, o qual tem como tema: "Justiça e profecia a serviço da vida" e o lema "CEB's: Proféticas e Missionárias na Vivência do Reino".

Este encontro é em preparação ao 13º Encontro Nacional de CEB's que ocorrerá em Janeiro de 2014, na cidade de Juazeiro, no Ceará.

 De Pelotas foi um ônibus levando os representantes das paróquias da Arquidiocese. Da Diaconia Operários de Cristo foram 4 participantes leigos.


Surgimento das CEBs: um pouco de história ..................

É difícil estabelecer com precisão o momento exato do surgimento da primeira CEB no Brasil. Pe. Fernando Altemeyer Jr. diz que "é como o filho de pobre: nasce num dia, mas fica registrado num outro." Em geral, registra-se a origem no começo dos anos 60, sob influxo da experiência de catequese popular na Barra do Piraí (1956) ou do Movimento da diocese de Natal, ou ainda do Movimento de Educação de Base.
O contexto sócio-cultural e eclesial brasileiro contribuiu para a eclosão das CEBs. Não se pode negar a influência do esforço da Ação Católica na questão da cidadania, os esforços de renovação pastoral do Movimento para um Mundo Melhor e dos Planos de pastoral da CNBB - Plano de Emergência e Plano de Pastoral de Conjunto - e também a rearticulação da pastoral popular após o golpe militar de 1964. Alguns falam da gênese remota das CEBs nas experiências de iniciativa leiga do catolicismo popular que teve sua marca original até a segunda metade do século XIX.
Todas essas influências não explicam completamente a gênese das CEBs no Brasil. Faustino Teixeira diz que é necessário mencionar também os movimentos mais amplos de renovação eclesial, iniciados no início do século XX e sancionados pelo Concílio Vaticano II. Parece que o elemento detonador das CEBs no Brasil foi exatamente a experiência única e marcante do Vaticano II. Este Concílio revelou seu potencial pastoral em sua abertura para o mundo e para a história e, ao mesmo tempo, sua densidade de reflexão, postulando a imagem da igreja como sendo o povo de Deus a caminho. As CEBs resgataram esses filões através da releitura que a Conferência de Medellin (1968) e Puebla (1979) fizeram na América Latina. Medellin preencheu o imaginário eclesial com a temática da Libertação e Puebla com a evangélica opção pelos pobres. Alfredo Bosi fala que "as Cebs são uma alternativa feliz de enraizar os valores da fé cristã num momento histórico determinado", depois que a Ação Católica foi desmontada nos ano 60.
3. Traços característicos das CEBs
Mesmo que se tenha certa dificuldade em encontrar traços homogêneos e constantes em todas as CEBs, há alguns elementos que, em geral, podem ser detectados.
Um elemento é a territorialidade, isto é, as pessoas de uma comunidade estão situadas num território geográfico específico. É muito fácil que se conheçam e que estabeleçam relações e contatos. "Base" significa propriamente essa concentração de pessoas num povoado ou num bairro. As experiências históricas mostram que, muitas vezes, foram essas comunidades que ajudaram a reivindicar serviços básicos, como água, luz e esgoto, e a reorganizar a vida do bairro. 
A leitura e a reflexão sobre a Palavra de Deus é outro traço característico das CEBs. Muitas comunidades começaram como reuniões bíblicas que iluminavam a vida das pessoas. À medida em que a vida comunitária se organizava foi introduzido também o culto dominical ou a celebração da Eucaristia.
A participação e a discussão dos problemas em forma de assembléia caracterizou muitas Comunidades de Base. A metodologia participativa inclui a colaboração de todos na discussão, na solução e no encaminhamento concreto do problema. Se, por exemplo, o tema é o desemprego, há no final um compromisso concreto que é assumido por todos: preparam-se cestas com alimentos básicos que são distribuídas aos desempregados. Esse espírito desencadeou a emergência de ministérios leigos que foram se multiplicando a partir das exigências da comunidade: há ministros da Palavra, ministros da Eucaristia, ministros da pastoral da moradia, do trabalho, do menor. Muitos serviços englobam mulheres e homens em clubes e pequenas organizações: hortas comunitárias, clubes de mães, alfabetização de adultos e, muitas vezes, grupos de sustentação dos movimentos populares. Esses serviços destacam o compromisso das CEBs com os mais pobres e a relação conseqüente entre fé professada e vida concreta. É propriamente o compromisso com as camadas mais desfavorecidas da população que tornaram as CEBs profundamente ativas no campo social. O pobre não é visto como problema, mas como solução no processo de construir uma nova sociedade. 
Por fim, o horizonte para o qual as CEBs se deslocam é a prática concreta de Jesus e o sonho de rea-lizar o Reino de Deus. Termos como justiça, fraternidade, solidariedade, compromisso e caminhada revelam, de um lado, o seguimento de Jesus e, de outro, a vontade de implantar concretamente o Reino de Deus.
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DIZ Pe. Dirceu Benincá – Diocese de Erechim
Em diversos aspectos, o Brasil está “bem na foto”. Porém, em outros há quadros e cenários preocupantes, marcados por profundas crises e contradições. Somos um país rico, mas ainda
muito injusto, desigual, depredador e doente. Relatório da ONU,  divulgado em julho de 2010, aponta o nosso país como o 3º pior índice de desigualdade no mundo. Aqui os 10% mais ricos concentram 50,6% da renda e os 10% mais pobres ficam com apenas
0,8% da riqueza nacional.
No campo e na cidade, as encarnações da pobreza e da miséria se associam à violência, à insegurança, às doenças e a diversos outros riscos e vulnerabilidades. Já a materialização da riqueza alia-se ao consumismo, ao individualismo, à destruição do meio ambiente etc. Por conta dessa lógica de comportamento, em 2008 conquistamos o triste título de campeões mundiais no uso de agrotóxicos. E o que é pior: A poluição e o envenenamento dos corpos, das mentes, dos corações, dos sonhos e das utopias quase sempre são apresentados como sinônimos de modernidade e desenvolvimento.
Nesse contexto, as CEBs enfrentam desafios cada vez mais complexos. Sua trajetória testemunha um jeito de ser Igreja como ambiente de fé cristã e instrumento de luta em favor da justiça e da dignidade humana. O 13º encontro – em nível nacional –  a ser realizado em janeiro de 2014, em Crato/CE reafirma esse compromisso ao debater o tema Justiça e profecia a serviço da vida. O Documento de Aparecida (nº 178) ressalta que as CEBs “têm ajudado a formar cristãos comprometidos com sua fé, discípulos e missionários do
Senhor, como o testemunha a entrega generosa, até derramar o sangue, de muitos de seus membros. Elas abraçam a experiência das primeiras comunidades, como estão descritas nos Atos dos Apóstolos (At 2, 42-47).”
As Comunidades Eclesiais de Base são desafiadas a assumirem com todo o fervor sua vocação missionária. Significa dizer que necessitam fortalecer sua espiritualidade libertadora, solidária e profética, sabedoras de que o segredo da libertação é a partilha e a vivência comunitária. As CEBs precisam ser cada vez mais comunidades eclesiais baseadas na democracia, na valorização das diferenças e na luta pela igualdade de direitos. Não basta afirmar que “todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos” (art. 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos).
Cabe empenharem-se a fim de garantir condições reais para que a igualdade, a  justiça e a equidade se estabeleçam.
Em seu desejo de serem verdadeiramente missionárias, as CEBs precisam aprimorar ainda mais a organização dos pobres e excluídos em comunidades, grupos, associações, redes... Segue válido o princípio de que a força aparece quando a fraqueza se organiza.
A articulação da fé viva com a vida de fé nesses tempos de muitos contratempos deverá fazer com que as comunidades eclesiais se transformem também em comunidades ecológicas e democráticas de base. Comunidades que praticam o ecumenismo e o diálogo
interreligioso, que valorizam a mulher, que vivem o amor fraterno e que buscam superar todas as formas de exclusão. Enquanto houver desigualdades, injustiças, agressão à dignidade humana e à natureza, as CEBs permanecerão atuais, necessárias e indispensáveis na sua missão fundamental de defender e promover a vida!

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